SOLIDÃO INTERNA…

É quando a gente imergi dentro de si mesmo
e enxerga um corredor longilíneo e afunilado
Nas paredes rebocadas de cal esmaecido…
Sonhos crivados em retratos amarelados
em nossa memória em forma de mosaico.
Em sintonia com ruídos de nossos passos
Seguimos em atos como uma peça de teatro…

Lu Lena

INSANIDADE…

Meu coração mandou e através dele estou direcionando o leme do meu barco que estava à deriva em alto mar e como açoite raios, trovões e tempestades intrépidas me tirando a força para que meu corpo fosse sugado pela fúria avassaladora dos ventos e naufragasse minha alma no fundo do mar. Viajores e seres disformes do tempo e fantasiados de anjos incólumes com asas quebradas e coladas pela sombra da escuridão, onde estão vocês? Pois eu estou aqui!
-Estou pronta para sepultar os demônios e fantasmas que me impediam nessa insanidade de prosseguir. Me liberto agora da camisa de forças que prendiam meus braços e sufocavam meu grito me impedindo de gritar. Pois eu grito pro mundo inteiro ouvir:
– Ninguém vai mais me deter. Estou livre e liberta de ti!

Lu Lena

ALMA QUE FALA…

Vi o holocausto e a natureza morta entre pedregulhos
nasceram erva daninhas e me alimentei do ar, da água, da terra…
Sombras do tempo envoltas num mistério obscuro, sem presente, passado ou futuro
Fui rastejando nesse filete de luz letal que vai delineando os córregos como lanterna que clareia a minha escuridão… Mergulhei em lágrimas e naufraguei no fundo do estuário e nesse cenário inglório onde me sinto fraca e fugidia, pálida e sem vida ouço anjos tocando harpa num inferno sem calvário, completamente atordoada, louca e sem noção, vejo minha alma levitando no espaço e meu corpo decompondo-se no chão nessa caótica alucinação… Me liberto e falo com você então!

Lu Lena

FENDA DO TEMPO…

Fui parar num porão empoeirado de emoções e sentimentos lacrados em baús pesados… onde vejo um redemoinho de pássaros rompendo os grilhões em busca da liberdade…
no meu pensamento que foge por entre a fenda do tempo e do espaço compactado…
sobrevoando um coração que bate condescendente, cansado, mas com saudade…
cheirando mofo e decompondo-se em lembranças mortas sepultadas na vida que ri e chora da minha sina ególatra que serve de farol numa luz que ofusca meu olhar nublado…

Lu Lena